quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Esperança em Campo

                                                                                                                Por Fernanda Santos

Determinação e coragem são características que definem Ricardo de Souza Santos. Nascido em Juazeiro da Bahia, em  12 de agosto de 1979, o homem de riso fácil já passou por muitas dificuldades em sua vida. Na infância, foi usuário de drogas. Hoje, dedica seu tempo livre em uma escola de futebol criada por ele para tirar meninos do mundo das drogas.



Ricardo de Souza Santos - Professor da Escolinha de futebol 
Foto: Zilton Cézar

Ricardo é funcionário de um clube esportivo onde faz atividades de ajudante geral. Ao chegar ao seu local de trabalho, percebi que Ricardo lavava o banheiro. Parou rapidamente o que estava fazendo, enxugou as mãos sobre uma toalha que estava em seu ombro e me cumprimentou. Suas mãos grossas e calejadas traduzem sua trajetória de vida, que, como ele acentua, não foi fácil.                                                                                     
Filho de João José dos Santos e Maria de Fátima Souza Santos Silva, Ricardo é o mais velho dos sete irmãos. Aos 11 anos, era uma criança rebelde, não queria estudar e, por isso, apanhou bastante de seu pai. Nesse mesmo, tempo se envolveu com as drogas. A partir desse momento, viveu os piores momentos de sua vida.

        - Muitas vezes, dormia fora de casa, na rua, conta de cabeça baixa, sem riso. 


Seus pais não sabiam do seu vício, pois ele mantinha o mesmo comportamento que sempre tivera. "Essa é a última roupa que te dou", disse seu pai, quando ele ainda tinha 10 anos. Logo, não teve uma infância comum como as outras crianças. Teve que trocar o carrinho de brinquedo pelo trabalho pesado.                                                                                

        
- Com 15 anos, viajava pra Euclides da Cunha, Monte Santo, Canudos, para vender uva, com um carro que faltava uma porta

Nessas idas e vindas, Ricardo se livrou de um acidente grave, quando o carro capotou. Nesse dia, ele decidira não viajar. Os amigos ficaram feridos, com marcas que carregam até hoje.                                                
Aos 16 anos, casou-se com a companheira Geovana Siqueira. Desde então, mudou toda sua trajetória. Deixou o vício e, três anos depois, tornou-se pai de Miguel de Souza Santos. Mantém um bom relacionamento com seus pais e, na maior parte do seu tempo, dedica-se a vida de outras crianças, para que elas tenham uma história diferente para contar.

      A escolinha de futebol

       A principio, era apenas uma brincadeira de futebol de rua com o filho o sobrinho e uma amiga  até surgir a ideia de usar a prática esportiva para ajudar crianças que tão cedo se envolviam com as drogas.                                                                               
- Não quero que essas crianças passem pelas mesmas coisas que passei

Ele afirma que usa o seu próprio salário para que seus alunos participem de torneios em outras cidades, já que não conta com apoio de nenhum órgão.    

Com mais de 10 anos de dedicação à essas crianças, Ricardo conta, entusiasmado, que quatro de seus alunos eram usuários de drogas. Abandonaram o vício e agora vivem uma vida saudável e feliz. Para ele, é uma satisfação acompanhar mais de 60 crianças em sua escolinha de futebol.

- Saber que esse projeto tem tirado meninos do caminho das drogas é uma alegria pra mim.

Homem de fé e temente a Deus, um dos seus maiores sonhos não se resume a bens materiais, mas em ter um tempo livre com a sua família para juntos conhecerem o templo de Salomão, em São Paulo, e ter saúde para continuar esse trabalho. Ricardo é um homem de fé. 




                                           




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