Por Larissa Mota e Maiara Santos
Com
11 anos de criação, a lei Maria da Penha deve sofrer modificações, como o Projeto
de Lei Complementar 7/16, em tramitação no Congresso, que visa conceder a medida
protetiva para mulheres em caso de violência e agressão física cometida pelos companheiros. O projeto é considerado polêmico, pois os órgãos de segurança não têm condições
de atender a alguns dispositivos do projeto, como a urgência no encaminhamento
da denúncia ao juiz responsável, garantindo a proteção necessária. Além disso, delegacias
especializadas não funcionam nos finais de semanas.
Em
Juazeiro, a medida protetiva só é encaminhada depois de 48 horas, mesmo
que a ocorrência ocorra na segunda-feira, muitas vezes o juiz está
sobrecarregado de processos e não consegue dar o parecer dentro do prazo. “O problema é estrutural. As medidas levam até 15 dias para serem deferidas, o que
é um tempo ágil se comparado a outras cidades”, declara Rosineide
Sampaio, responsável pela Delegacia Especializada em Atendimento a Mulher, em Juazeiro.
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Rosineide Sampaio. |
Para a agente, a rede de
atendimento à mulher vítima de violência ainda é precária, existindo na cidade
apenas o Conselho da Mulher, o Centro Integrado de Atendimento à Mulher (CIAM),
a Vara Especializada em Violência contra a Mulher e, recentemente, a ronda Maria
da penha. Falta a casa de abrigo para receber as mulheres em situação de violência doméstica. “Com a criação de casas abrigos que acolham a mulher, é possível
oferecer o suporte básico para sobreviver, sem precisar voltar para a sua
residência, onde geralmente mora o agressor”, defende Maria Gorete Borges, do CIAM.
Com a medida protetiva deferida em
tempo hábil, a mulher já sairia da delegacia amparada e a qualquer hora ela
poderia acionar a polícia, caso o agressor se aproxime. Outro ponto
questionável na lei, é saber se os profissionais estariam preparados para
amparar as vítimas. A maioria é do sexo masculino, não existe isonomia social e
cultural, em decorrência de sociedade patriarcal, levando a insensibilidade dos
homens ainda não reconhecerem alguns casos como violência, principalmente
aqueles relacionado a integridade psicológica ou moral da vítima. “Existe esse
temor relacionado à falta de preparo da polícia em atender essa demanda,”
explica Maria Gorete, assistente social do CIAM.
Como funciona o CIAM
Fonte de informação e de cuidados para
mulheres vítimas de variados tipos de violência, o centro oferece atendimento
jurídico, médico, psicológico e odontológico, além de cursos
profissionalizantes como artesanato, culinária e beleza. O objetivo é de empoderar
a mulher financeiramente. A casa recebe vítimas encaminhadas pela delegacia da
mulher e instituições como hospitais e postos de saúde. Atualmente, tem uma média de 100 atendimentos por mês.
O centro pretende implementar um novo projeto com
o nome CIAM nas comunidades, visando atrair mulheres que moram em áreas
periféricas da cidade. “Nossa equipe chegou à conclusão que as vítimas com mais
necessidades de atendimento, são as que moram em bairros carentes, com o
projeto, vamos fazer com que elas tenham a oportunidade de reconstruir sua
vida, longe do seu agressor”, afirma Maria Gorete a assistente social da instituição.
Pastoral da Mulher
A Pastoral da Mulher é uma instituição
social que há 38 anos atende e acompanha mulheres em contexto de prostituição.
O objetivo da instituição é desenvolver ações que promovam maior
humanização da realidade da mulher que se prostitui, projetando sua organização
e gerando um processo de transformação social e política. As mulheres acolhidas
pela pastoral recebem serviços como consulta médica, atendimento odontológico e
jurídico, além de participarem de oficinas e capacitações em parceria com o
SENAC.
A instituição também atende mulheres em situação
de violência fora do contexto de prostituição, seja ela violentada por meio do
parceiro ou do seu cliente. “Nós a escutamos e explicamos a ela sobre a lei que
a protege, se ela decidir prestar a queixa, encaminhamos até a delegacia,
depois de depoimento feito, ela pode participar dos serviços prestados pela
pastoral, caso assim deseje”, explica Fernanda Silva, coordenadora da
instituição.
Atendendo cerca de 500
mulheres por mês, a Pastoral vem desenvolvendo um projeto em células, onde o
objetivo é multiplicar pastorais através de filiais nos bairros mais distantes
da cidade “o nosso foco é ampliar o atendimento, dando oportunidade as mulheres
que estão mais distantes, participarem dos serviços prestados pela pastoral, o
compromisso da instituição, sempre foi o de manter o compromisso com os mais necessitados, foi pra isso que a ela nasceu”, esclarece a coordenadora.
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