sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Número de doadores ainda é pequeno



Por: Fernanda Santos e Jaislane Ribeiro


Em Juazeiro, está localizado uma das Fundações de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA), que há oito anos atende às demandas dos pacientes que necessitam de doações de sangue e medula óssea dos hospitais da região. Apesar da cidade ter mais de 200 mil habitantes, o número de doadores ainda não é tão alto. Desses, apenas 26,5% realizam doação de sangue.

A doação de sangue consiste em um ato voluntário, e não é admitido qualquer tipo de remuneração, conforme está na constituição da República e na portaria n 343, do Diário Oficial da União 2002. O Hemoba também é capacitado para receber doadores de medula óssea. No Brasil, já são 4 milhões de doadores no Brasil de medula óssea.  Na Bahia, em 2015, houve aumento de doadores em aproximadamente 27%,. como informa assistente social Cislene Bandeira, da Fundação Hemoba.

Em entrevista ao Blog Entre Relatos, a assistente social da fundação, Cislene Bandeira esclareceu algumas dúvidas sobre a doação de sangue e de medula óssea.

Entre Relatos: Quais os pré requisitos necessário para que uma pessoa possa doar sangue?

Cislene Bandeira: Ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos, e pesar, no mínimo, 50 kg. Menores de 18 anos só podem doar com a autorização dos pais. Primeiro é feito um cadastro, com o doador apresentando um documento oficial com foto. Depois, o candidato à doação passa por uma triagem clínica, onde é realizada uma entrevista com um profissional a respeito de alguns questionamentos sobre saúde, viagens recentes entre outros. São avaliados a pressão arterial, pulso e temperatura. Se não for identificado nenhum problema, o candidato poderá fazer a doação.Logo após a doação, o concessor recebe um lanche para hidratação e fica em repouso durante 15 minutos.  

Entre Relatos: Qual a média mensal de doadores de sangue?

Cislene Bandeira: A média mensal é de 500 candidatos. Cerca de 30% do número são considerados inaptos, ou seja, não podem fazer a doação, detectamos isso através da entrevista clínica que o paciente é submetido e também pela triagem sorológica, quando os exames apontam alguma alteração. No ano de 2015, tivemos 5.870 doadores de sangue e, em 2016, até o mês de setembro, cerca de 5.300. 

Entre Relatos: Qual o perfil dos doadores?

Cislene Bandeira: Cerca de 62% são pessoas do sexo masculino, com idade acima de 29 anos. As mulheres não doam com tanta frequência. Existe também o doador fidelizado aquele que contribui regularmente, e representa 35%. E 51% são doadores voluntários.

Entre Relatos: Qual tempo de reposição para quem doou sangue, doar novamente?

Cislene Bandeira: Os homens podem doar a cada 60 dias, quatro vezes ao ano. Já as mulheres a cada 90 dias, e, três vezes ao ano, devido aos aspecto fisiológicos

Entre Relatos: Como funciona e quais os requisitos para doação de Medula Óssea?

Cislene Bandeira: O indivíduo tem que ter idade entre 18 e 55 anos incompleto, ser uma pessoa saudável e não ter doenças transmissíveis. Depois, preenche o cadastro do REDOME – Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea e, em seguida, é coletado cinco ML de sangue para o exame de Histocompatibilidade para identificar as características nas células. Os dados são lançados no banco de dados, quando o sistema encontra uma pessoa compatível, ela é adicionada para realizar outros exames específicos e confirmar a compatibilidade. Há duas formas para a coleta de medula óssea, a primeira é a mais usada, que são punções por agulhas na bacia sob anestesia, onde é retirando um volume de medula do doador de aproximadamente 10%, o que não compromete à saúde do concessor. Nenhuma dor é sentida devido a anestesia. Após isso, a pessoa fica em observação por 24 horas. É importante destacar que a medula se recompõe entre 8 a 15 dias. A segunda maneira de coleta é através de uma máquina que separa as células troncos da medula óssea. A pessoa que vai fazer a doação precisa se medicar cinco dias antes do procedimento, que vai estimular a migração das células mães para o sangue. A máquina vai coletar as células, ela vai separar através de uma veia periférica as células mães e devolver o sangue ao organismo.  

Entre Relatos: Qual é o principal receio ou medo que o indivíduo apresenta para doação de medula óssea?

Cislene Bandeira: As pessoas acham que será coletada a medula óssea através da medula espinhal, e ter algum problema, ficar paralítico, mas isso é um mito. Nós trabalhamos em cima disso desenvolvemos atividades educativas, conversas, atividades em escolas, universidades, serviços de saúde e entre outras, para levar mais conhecimento para as pessoas e quebrar esse mito.


EntreRelatos: Qual número de doadores de medula óssea?

Cislene Bandeira: Hoje, temos 4 milhões de doadores no Brasil de medula óssea, e no mundo 26 milhões. Na Bahia, em 2015, conseguimos aumentar os doadores em aproximadamente 27%. Não tem como fazer uma comparação entre os números de doadores de sangue e medula, por que tem mais gente precisando de sangue do que de medula. Para cada cinco pacientes internados, um vai precisar de sangue, são várias doenças que precisam de uma transfusão. Já o transplante de medula é mais complexo.

EntreRelatos: Quantos profissionais atuam no Hemoba?

Cislene Bandeira: Atualmente, temos 42 profissionais trabalhando, entre médicos, enfermeiros, técnicos de laboratórios técnicos de enfermagem, profissionais que trabalham na higienização e entre outros.

Entre Relatos: Com qual frequência realizam Campanhas de Conscientização?

Cislene Bandeira: Realizamos campanhas periodicamente, isso vai depender da demanda. Mas temos campanhas fixas no calendário, como por exemplo, Carnaval, São João, final de ano, quando tem uma queda nas doações.

Entre Relatos: Já houve mortes de paciente que esperou receber doação de Sangue ou medula?

Cislene Bandeira: Não é frequente acontecer mortes por falta de bolsa de sangue. Lembro de um caso de uma criança que precisava de sangue O, que acabou falecendo por não ter uma quantidade adequada de bolsa de sangue desse tipo.


Fernanda Santos e Jaislane Ribeiro são estudantes de Jornalismo em Multimeios, da UNEB, campus Juazeiro.      




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