domingo, 12 de março de 2017

'Um chá de Erva Doce'


                                                                                                                                     


Ele estava apressado e atrasado para seus compromissos do dia. Saía de uma entrevista na rádio Juazeiro, às 11 horas, do dia 9 de dezembro, quando o encontrei. Com um sorriso, me cumprimenta com um bom dia e avisa: “Rapidinho porque minha vida é rápida”.

Foi assim que iniciou a primeira fala de um diálogo agradável sobre a trajetória de vida do compositor e publicitário, Carlos Maurício Dias Cordeiro, conhecido desde a infância como Mauriçola. Aos 61 anos, ele nasceu na cidade de Juazeiro Bahia, no dia 19 de dezembro de 1955.  Passou sua infância e começo de sua adolescência em sua cidade natal. Aos 14 anos, trabalhou como Office boy, porém não queria seguir essa profissão e já se considerava um artista. 


Desde criança, seus olhos brilhavam ao ver um violão e pensava em pegá-lo para tocar. Mas o que ele queria era compor e cantar e se encantava com o sucesso do músico juazeirense João Gilberto, a quem tem maior admiração. Aos 16 anos, Maurício foi conquistando o gosto pela música. Logo depois, começou a tocar violão e a compor. Nos anos 1970, ainda adolescente, participou de festivais universitários em Juazeiro da Associação Universitária Juazeirense. Foi quando decidiu ir para Salvador em busca de crescimento profissional. 


Em Salvador, fez suas primeiras canções e realizou seu primeiro show na casa de teatro Vila Velha, na época dos tropicalistas. Depois de um tempo, retornou a sua cidade e com outros músicos e atores, desenvolveram um grupo de artista chamado Grupo Êxodo. Um sopro na cultura local.
No entanto, Maurício não se contentou e quis ir além. Viajou para São Paulo. Em 1982, fez a gravação de sua  primeira música em uma das maiores gravadoras da época, a CBS. O reggae  “Erva Doce” se tornou o maior sucesso, principalmente depois que se transformou num hino do movimento cultural “Chá das Cinco”. Até hoje, é cantarolada pelos amantes da boa música de Juazeiro. 



"Quero levar a vida 

Como se a vida fosse 

Um chá de erva doce" 



Nos anos 80, a música foi bem tocada no nordeste, o que motivou a venda de diversos discos. Além dessa música, ele compôs outras composições, mas não lançou. 


- Tenho muitas composições, são seis discos gravados. Só aí já gravei umas 80 músicas, nos estúdios de Petrolina, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Mas ninguém conhece e nem tem curiosidade para ouvir. 


Entre uma conversa e outra, Maurício relata o sucesso que fez com a canção “Erva Doce”, mas confessa que seu estilo de música não é tão valorizado pelos meios de comunicação, especialmente pelas rádios FMs. 


- Eu gosto de música, não de sucesso. Não faço uma música para fazer sucesso. 


Inspirado na música Pop, consequentemente na “Tropicália” de Gilberto Gil e Caetano Veloso, Maurício se aprofundou na Bossa Nova, e foi estudar o movimento. Hoje, se considera um tropicalista, onde mistura o Pop, Rock, Samba e Bossa Nova. 


- Não sigo muito os padrões. Misturo os ritmos. É uma liberdade que eu me dou e funciona. 


O gosto pela música é o traço forte na vida de Maurício. A alegria em seu rosto e o entusiasmo em falar da música mostra o quanto o faz bem compor. Porém, sua criatividade não se limita até aí, pois além de compositor, ele é publicitário. Seu trabalho atualmente é fazer jingles para comerciais, prefeitura, e vinhetas para rádios e TVs. Seus jingles fazem sucesso pela cidade. Ele compôs também um hino para o centenário de Petrolina, o qual foi bem premiado. 



Entre os diversos festivais de música que participou, foi do outro lado da ponte, na cidade pernambucana que o juazeirense venceu três festivais. Uma de suas inquietações é não ter seu talento valorizado pela população da cidade que tanto ama, Juazeiro. No entanto, seus sonhos seguem independente de qualquer situação. 


O desejo de Maurício sempre foi trabalhar com música, está constantemente compondo e tocando. O compositor, publicitário e amante da Bossa Nova não quer se limitar apenas a Juazeiro e pretende voltar às cidades que percorreu nos anos 80.


- Estou sempre compondo, tocando e com a cabeça lá no Rio de Janeiro, São Paulo. Ainda vou voltar para lá. 

Da Redação do Blog Entre Relatos: A entrevista com Maurício Dias foi realizada no final de novembro de 2016. Atualmente, o músico é Superintendente de Cultura da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo, da Prefeitura de Juazeiro. 


Texto e foto por Lidiane Lopes, estudante de Jornalismo em Multimeios, DCH-UNEB,

Perfil realizado em dezembro de 2016 e publicado em 12/03/2017.

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